Dificuldades
no acasalamento:
como diagnosticar e ajudar
Afinal chegou o
momento esperado! A cadela entrou no cio e já está comprometida com
determinado macho, e já existem até planos para os futuros filhotes. Porém, a
esperança se transforma em desespero. A data tão planejada parece que não será
o imaginado. A cadela não consegue ser coberta. Por quê?
Existem vários fatores que
impedem que um cruzamento não ocorra como o planejado. Aqui estão eles:
Momento
inadequado
As cadelas possuem um período de cio (proestro mais estro) que pode variar de
4 a 27 dias, em média durando 18 dias, sendo que o proestro (período no qual
ela ocorre o surgimento de secreção sero-sanguinolenta, edema e hiperemia da
vulva) possui média de 9 dias (variação de 0 -27 dias) e o estro (período de
aceitação ao macho, onde ocorrerá a ovulação) com duração de 9 dias (variação
de 4 -24 dias). Devido a esta grande variação individual, muitas vezes, a
regra de realizar o cruzamento no 9º, 11º e 13º dia após o início do
aparecimento de secreção sero-sanguinolenta na vulva pode ocorrer em erros.
Nestes casos a cadela pode estar sendo levada ao macho antes ou até mesmo após
o momento ideal para a aceitação da monta. Ela provavelmente não aceitará a
cobertura. Como proceder? O auxílio de um médico veterinário será muito
importante, pois com o auxílio de citologia vaginal, vaginoscopia e dosagens
hormonais será diagnosticado o momento mais apropriado para realizar a
cobertura.
Não
aceitação ao macho
Mesmo estando no momento ideal para o acasalamento, as cadelas podem não
aceitar o macho, tornando-se até agressivas. Isto pode acontecer devido a:
-
"humanização" da fêmea, ou seja, normalmente fêmeas criadas muito
próximas ao seu proprietário sem contato com outros cães, tornam-se
agressivas neste momento. Pode-se utilizar a
inseminação artificial
nestes casos.
-
antipatia,
isto mesmo, algumas cadelas não gostam do macho escolhido para pai dos seus
filhotes. Para auxílio neste momento é recomendável a utilização de
inseminação artificial ou troca de reprodutor.
-
fêmea
dominante (denominada alfa), ela também pode rejeitar o macho pela sua
condição hierárquica.
-
fêmea
inexperiente, normalmente aquelas que irão cruzar pela primeira vez.
Nestes dois
últimos casos o macho escolhido deve ser experiente e a fêmea deve ser levada
ao macho e não o contrário. Pois, em território diferente, ela se torna menos
dominante. Ou então utilizar a inseminação artificial.
Diferenças
de peso e tamanho
Em algumas raças de cães baixos e com pernas curtas (Teckel,
Bulldogue), muitos pequenos (Toys em geral),
ou até muito grandes, onde o macho pode ser muito mais alto e pesado que as
fêmeas (São Bernardo,
Mastiff inglês,
Mastim)
pode ocorrer que, mesmo a cadela estando pronta para aceitar, o macho não
consegue fisicamente realizar a cópula. A melhor maneira é auxiliar
mecanicamente ou através de inseminação artificial. No caso de auxílio
mecânico, o proprietário do macho poderá tentar direcionar o pênis do macho na
vagina da fêmea até que seja feita a completa intromissão. Pode-se colocar a
fêmea em patamar de altura diferente, por exemplo, encima de um tablado, ou
similar. Sempre com o auxílio de alguém segurando a fêmea ao mesmo tempo.
Alterações
físicas
A cadela poderá estar aceitando o macho, porém, no momento da monta, você
percebe que ela possui desconforto e dor e não permite a cobertura. Nestes
casos ela poderá possuir alterações anatômicas, como por exemplo, vagina
infantil, doenças, como tumores na vulva ou vagina, espondilites, entre
outras. Para diagnosticar e instituir tratamentos corretos, procure um médico
veterinário.
Bem, agora
sabendo de todos estes fatores, boas sorte para sua cadela e os futuros
filhotes!!!
Profa. Dra.
Silvia E. Crusco dos Santos
CRMV-SP 4313 - Médica Veterinária -
especialista em reprodução -
silviacrusco@terra.com.br
Publicado originalmente no site:
Web Animal
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