Quando a
adoção vira um problema
São muitas as estórias de adoção
bem sucedidas. O novo dono e o cão se entendem bem, conseguem estabelecer uma
boa relação, e todos vivem felizes para sempre. Porém, nem sempre o conto de
fadas termina assim. Muitas vezes o cão-príncipe se mostra ser um sapo, e o que
era para ser uma grande alegria vira um transtorna com o qual não conseguimos
lidar.
O que ocorre com freqüência
nesses casos, é que a decisão da adoção é feita da maneira errada. Muitas vezes
este novo dono só tem informações do cão referente ao sexo; à raça e à idade do
cão. Nenhum outro elemento é passado a este novo proprietário, e este, sonhando
com seu cão - muitas vezes um cão "de raça" -, freqüentemente ignora elementos
fundamentais sobre o cão.
Este tipo de adoção costuma
acontecer sem a participação de uma instituição. No caso dos cães de ´raça´,
normalmente é um cão que “cai do céu” para o candidato, e a coisa toda é feita
de forma muito rápida. E este novo dono leva para casa um cão sobre o qual ele
não sabe quase nada.
A primeira coisa que precisamos
perguntar à pessoa que está doando o cão é “Qual o motivo do cão estar
sendo doado?”. Existem muitas razões para um dono a doar seu cão: muitas
vezes o doador está se mudando para uma casa pequena demais para comportar um
cão; ou ainda existem cães demais na casa; ou o custo de manutenção do cão está
muito alto; etc. Porém, são muitos os casos em que o cão está sendo doado por
problemas de comportamento. E aí o sinal de alerta deve ser ligado!
Será que este candidato a dono de
cão de fato saberá lidar com o problema de comportamento do cão? Se este novo
dono é um marinheiro de primeira viagem, é pouco provável que ele saiba como
lidar isso. Cães muito agitados, agressivos ou muito desobedientes; precisam de
pessoas experientes para trabalhá-los. E salvo raras exceções, um novato
muito vezes acaba agravando ainda mais o problema de comportamento deste cão.
E agora? O que fazer?
O grande perigo aqui é achar que
tudo se resolve com carinho! Então este cão mal-educado é tratado como um
coitadinho, o que só reforça seu mau comportamento. A única saída neste caso é
tratar o cão como um membro desobediente da matilha.
Vamos voltar um pouco às bases da
organização da matilha: eles vivem em grupos, regido sob uma rígida hierarquia,
onde quem determina as regras é o líder e os demais devem respeitar tais regras
sem hesitar. Como recompensa este membro será sempre amparado protegido e
alimentado pela matilha. Sob esta ótica, fica bastante claro que este cãozinho
rebelde está chegando a uma matilha nova, e se recusa a aceitar sua hierarquia e
suas regras. Exatamente como ocorreu em sua matilha anterior. No mundo animal,
este membro seria expulso da matilha, mas esta solução não está em pauta aqui.
Portanto, seguindo a lógica canina, tal cão tem que ser tratado como um membro
desobediente. Nada de tratá-lo com regalias. Se ele quer as regalias, amparo e a
proteção da matilha, ele terá que merecê-los. E isto quer dizer que ele precisa
se ajustar.
É lógico que você não vai deixar
seu cachorro sem comida ou água; e nem mesmo colocá-lo sob qualquer risco. Mas
é fundamental aqui que você saiba agir como um líder muito rígido.
Seja um líder! Faça jogo duro com este cão até que ele aprenda a te respeitar
como líder. Não faça grandes demonstrações de carinho, pois o seu carinho e
atenção são seus grandes trunfos.
Jamais permita que ele te
confronte. Ao menor sinal de desobediência dê uma bronca bem forte no cão, e se
possível bata com uma garrafa pet em algum lugar que possa fazer muito barulho.
Mostre firmeza! Se o cão rosnar, ou ameaçar ter morder, faça o mesmo, e mostre
que você não se deixa intimidar por ele.
Ele sempre deverá ser tratado
como o último na hierarquia: ele deverá ser o último a comer na casa. E se você
tem mais um cão além do recém-chegado, este primeiro cão deve ser tratado com
mais regalias, deve ser cumprimentado em primeiro lugar, e receber sua ração
primeiro também. Desta forma a posição hierárquica de cada um fica clara. Este
cão encrenqueiro nunca deverá passar por uma porta ou portão antes de vocês.
Caso ele tente te ultrapassar para chegar antes, tente fechar o caminho dele com
sua perna, impedindo que ele fique na sua frente; ou mude de direção, quase que
enganando o cão. E então volte a passar pela porta, desta vez antes dele.
Outros
aspectos importantes:
Na antiga matilha tudo
ficou muito confuso e este cão provavelmente nunca diferenciou muito bem o bom
comportamento do mau. De uma forma ou de outra, seus antigos donos foram
incapazes de dar limites a ele, e com isso ele jamais aprendeu a se comportar.
Se não há limites, não há referência de comportamentos, e nesta ótica não é
difícil entender porque este cão apresentou problemas de comportamento.
É importante que as broncas sejam
imediatas à desobediência, ou enfrentamento dele. A desobediência deve ser
combatida de forma severa. No entanto, é fundamental saber parar a bronca no
momento certo. No instante em que este cão recuar, ou cessar o mau comportamento
ele deve ser encorajado e elogiado. Não exagere! Seja cordial, faça elogios,
mas nada de amolecer com ele. Ele deve ser incentivado, não paparicado. Desta
forma ele perceberá que aceitando suas regras ele terá a sua atenção e
proteção. Isto é muito mais importante para ele do que parece.
Quando ele começar a
demonstrar que está seguindo as suas regras, será o momento em que você começará
a demonstrar mais de carinho para ele. Este é o momento de incluí-lo em sua
matilha. É esta a mensagem que queremos passar: “aceitando nossas regras você
será acolhido pelo nosso grupo”. Esta é a lei dos cães!
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Boa sorte!
Maíce Costa Carvalho,
adestradora maice@dogtimes.com.br
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