Castração - 2
A intenção deste artigo não é catequizar os leitores, nem sugerir que esta é a saída ideal para todos, mas oferecer mais informação para que as pessoas possam pensar e analisar alternativas com menos preconceito. Não estou, aqui, fazendo apologia do uso da castração como um método indiscriminado e milagroso para resolver problemas comportamentais em cães. Apenas peço que vocês leiam este artigo com interesse e com a mente aberta. Quanto a mim, prometo que vou tentar fazer este artigo o mais simpático, divertido, instrutivo e agradável possível. A castração ainda é um grande tabu, uma prática que as pessoas ainda vêem como uma mera mutilação e injustiça com os cães. Poucas pessoas sabem que a castração pode ser um meio de ajuda nos problemas comportamentais dos nossos companheiros peludos, e que não é só um meio de evitar filhotes numa casa onde existam machos e fêmeas vivendo juntos. Quando eu atendo clientes com problemas de briga entre cães que moram na mesma casa, ou cães que são extremamente possessivos, ou dominantes, ou que marcam o território "deles" (leia-se a casa do dono) com pocinhas e mais pocinhas de xixi, e que, por estas e por outras, estes cães já estão com seus dias contados, procuro sempre desenvolver um programa de mudança comportamental que seja ao mesmo tempo eficaz e pouco estressante para dono e cão. Também nestas ocasiões, procuro passar todo tipo de informação que possa ajudar esta dupla a conviver melhor e superar estes obstáculos. Muitas vezes a castração é trazida como uma alternativa (as vezes a última esperança), e é aí que começam os problemas de ordem física/emocional. Claro que eu, como membro da comunidade latina, entendo perfeitamente que este seja um assunto delicado. Especialmente quando falamos na castração de machos. Talvez por um problema cultural, é sempre melhor aceita a castração ou esterilização de fêmeas (mesmo que humanas), do que de machos. Mesmo que, segundo os veterinários, a esterilização nos machos caninos seja menos traumática, de recuperação mais rápida, mais barata, e menos arriscada. Mas vamos voltar aos aspectos comportamentais dos caninos que é o nos interessa no momento. Primeiro, para a gente tirar da frente logo os aspectos técnicos da castração, vamos a algumas informações. Segundo os veterinários, existem pelo menos duas técnicas mais usadas para a remoção dos testículos do macho. Uma é feita através de uma incisão na bolsa escrotal (saquinho) do cão e outra através duas pequenas incisões na base do pênis. No caso da fêmea a cirurgia é feita por uma incisão na barriguinha, onde o útero e os ovários são removidos. Nestas cirurgias é usada a anestesia geral e a maioria dos veterinários orienta seus clientes para que o cachorro tenha no mínimo entre 5 e 6 meses de idade, embora já exista nos Estados Unidos alguns veterinários que operam filhotinhos com 7 ou 8 semanas de vida. A instituição líder neste tipo de procedimento é a Massachusetts Societ for Prevention of Cruelty To Animals do Angell Memorial Animal Hospital de Boston. Como toda cirurgia, principalmente por envolver anestesia geral, existe um certo risco, mas de um modo em geral é considerada bastante segura. A recuperação tende a ser muito rápida. A castração não deve ser usada como o único recurso para corrigir problemas de temperamento e de maus hábitos do cachorro, mas junto com um programa de mudança comportamental, ela pode ser uma ajuda valiosa e definitiva.
Em que casos a castração é aconselhada? No caso de fêmeas são especialmente
indicadas nos casos de agressão por proteção/possessividade e para cadelas que fogem.
Quanto a parte da saúde física não podemos deixar de mencionar que fêmeas castradas antes de atingir a puberdade tem o risco de desenvolver câncer de mama reduzido a praticamente zero e ficam totalmente livres dos riscos de contrair câncer e infecção de útero e ovário. Também estudos sugerem que o problema com gravidez psicológica diminuem consideravelmente.
O estudo avalia ainda se a mudança no comportamento foi rápida (mudanças evidentes até 2 semanas após a cirurgia) ou gradual (mudanças em aproximadamente 6 meses após a cirurgia). Embora este estudo não deva ser considerado como sendo uma representação completa e acurada das percentagens de mudança de comportamento, ele serve, sem dúvida nenhuma, como um guia para avaliação das chances de sucesso nesta operação. Fazendo um resumo dos casos de castração em machos estudados a gente tem os seguintes resultados:
Foram estudados ainda os efeitos da castração na redução da AGRESSÃO/DEFESA TERRITORIAL e também na redução da AGRESSÃO POR MEDO, mas em ambos os casos não houve qualquer mudança nos cachorros. Ou seja, a castração NÃO interfere com o instinto de guarda do cão, tampouco o torna menos medroso. Também NÃO ficou provado que a castração torne os cães letárgicos, embora alguns donos tenham notado que seus cachorros se tornaram mais calmos e mais carinhosos de um modo em geral. Vale lembrar que existem diversas causas para um cachorro ser agressivo e a castração não vai influenciar em todos os casos. Além disso, a testosterona (hormônio masculino) não causa por si só a agressão, mas ajuda a "alimentá-la" e a mante-la. É sempre importante entender as causas do comportamento agressivo de um cão e sempre estabelecer um programa de treinamento e mudança comportamental para tentar solucionar o problema. Veterinários também aconselham que sempre que houver uma piora em relação a agressividade, depois da castração, é preciso checar outras possíveis causas de desequilíbrio hormonal, como por exemplo, hipotiroidismo.
Para aqueles que querem participar de competições de conformação e beleza a castração não é uma alternativa, já que cães castrados não podem participar dos shows. Para aqueles que estão preocupados com o fato de que cães castrados tendem a ficar mais gordinhos, saibam que basta manter uma rotina diária de exercícios e reduzir de 10% a 20% as calorias de sua dieta. Em compensação existem algum mitos sobre cachorros intactos que devemos esclarecer. Cães machos não ficam mais estáveis emocionalmente só porque cruzaram. O mesmo pode ser dito para as fêmeas. Muitas pessoas acreditam que suas cadelas ficaram mais calmas e responsáveis depois que tiveram a sua primeira ninhada, mas o que acontece na verdade é que a maioria das cadelas cruza no segundo ou terceiro cio (entre 1 ano e meio e dois anos), época em que ela está naturalmente atingindo a sua maturidade emocional. Para ilustrar casos de sucesso com a castração dos peludos, ai vão algumas histórias reais.
E pra não dizer que a gente não toma do
próprio remédio, devo informar que também já estamos preparando o nosso cachorro. Isso
mesmo o próprio Bife já está na fila de espera para uma castração. Por que nós vamos
castrar o Bife? Porque não vejo nenhum motivo razoável para mantê-lo intacto. Nós não
pretendemos cruzá-lo. Além de ser muito O único motivo para não termos ainda feito a
cirurgia é que estamos tentando encontrar uma prótese de silicone para colocar no lugar
das bolinhas originais. Isso mesmo, para aqueles donos que, como o meu marido, acham que E pra finalizar, lembramos que a melhor pessoa,
sempre, para tirar as suas dúvidas, deixá-lo tranqüilo e confiante, e para cuidar do
seu animalzinho é, sem dúvida nenhuma, o seu veterinário de confiança. Portanto, não
deixe
E não podemos deixar de pensar um pouquinho na super população dos cães, especialmente nos de rua, que vivem em condições absolutamente indignas. Muito obrigada a todos os veterinários que dedicam parte do seu dinheiro e muito do seu tempo e carinho para castrar aimais de rua abandonados e que não cobram nada por isso. Algumas fontes utilizadas como consulta:
Cláudia Pizzolatto |