Giardíase
A Giardia é um parasita flagelado que habita diversas fontes de água e quando ingerida pode causar sérios e numerosos problemas gastroentéricos. Devido às limitações clínicas e técnicas, a giardíase continua a ser subestimada dentre as doenças infecciosas dos animais e humanos. Provavelmente a melhor explicação para isto é que, em muitos casos, os sintomas clínicos não são tão óbvios e a giardíase não é diagnosticada pelos métodos utilizados na rotina das clínicas veterinárias. Agente Etiológico
A Giardia é um protozoário pertencente ao filo
Sarcomastigophora e classe Zoomastigophora, que contém outros
importantes parasitas flagelados, dentre eles o Trichomonas, o Tripanossoma e a
Leishmania. Estes parasitas pertencem à ordem Diplomonadida e família
Hexamitidae.
Apesar de já terem sido descritas mais de 50 espécies do gênero Giardia, apenas 5 espécies são geralmente reconhecidas. Dentre elas, a G. duodenalis, responsável por causar a doença em mamíferos.
Transmissão e Ciclo
O cisto é a forma infectante do protozoário. A transmissão ocorre através da rota fecal-oral, mais comumente através da água contaminada. Reservatórios de água não tratadas ou filtradas podem também servir como fonte de infecção. A transmissão ainda pode ocorrer através da contaminação fecal em canis e abrigos de animais. Uma vez instalado no ambiente, o cisto é bastante resistente e pode sobreviver por longos períodos. Apesar dos cistos de Giardia sobreviverem em ambientes frios e úmidos, eles também podem sobreviver em climas quentes e secos, onde as fontes de água tais como tanques, lagoas, campos irrigados e gramados estão presentes. O ciclo biológico é direto. O hospedeiro se infecta ingerindo os cistos, os quais se rompem no duodeno após a exposição ao ácido gástrico e enzimas pancreáticas. Os dois trofozoítos, então separados, amadurecem rapidamente depois do rompimento e atacam o epitélio das vilosidades intestinais. Os trofozoítos se multiplicam por fissão binária no trato intestinal e depois encistam. Os cistos são transmitidos pelas fezes por 1 a 2 semanas após a infecção. Trofozoítos também podem ser transmitidos pelas fezes (especialmente em gatos), mas raramente sobrevivem por um período significativo fora do hospedeiro. Patogenia Uma vez ingerido, o cisto se rompe no estômago e libera 2 trofozoítos, os quais estabelecem a infecção no intestino delgado. Os trofozoítos atacam a borda das vilosidades (figura 2) e causam danos estruturais, provocando redução na área de superfície das microvilosidades. Esta redução na área de superfície diminui a eficiência da digestão, resultando em uma variedade de distúrbios gastrointestinais.
Sinais clínicos Os sinais clínicos mais comuns são fezes moles, odor fétido e algumas vezes diarréia que pode ser intermitente e aguda, muitas vezes associada à desidratação. Outros sinais incluem vômito e motilidade intestinal aumentada, animais afetados podem apresentar perda de peso secundária à diarréia, mas raramente apresentam inapetência. Diagnóstico Em casos de diarréia, o diagnóstico pode ser direto através da observação de esfregaços de fezes frescas. Este não é um método de grande sensibilidade, entretanto trofozoítos móveis podem ser visualizados em microscópio de luz. Segundo dados de literatura, menos de 20% das infecções são diagnosticadas através deste método. Métodos de flutuação são os mais indicados, sendo o sulfato de zinco a 33% a solução mais eficaz. O método de flutuação com sulfato de zinco tem a vantagem de ser econômico e permitir o diagnóstico de outros agentes parasitários. Quando suspeita-se de Giardia, o resultado negativo de uma única amostra não é conclusivo, devendo-se examinar pelo menos três amostras em um intervalo de uma semana, pois uma das características da giardíase é a eliminação intermitente de cistos pelas fezes. Há ainda um teste imunoenzimático, tipo ELISA, disponível em alguns países e de anticorpos monoclonais que são eficazes na detecção de cistos em fezes através da técnica de imunofluorescência. Estas duas técnicas são caras e mais utilizadas em amostras humanas. Tratamento e controle A droga mais utilizada para tratamento da giardíase em pequenos animais é o metronidazol. Outras drogas comumente utilizadas são a quinacrina, albendazol e febendazol. Como parte de qualquer plano de tratamento, é recomendado que o animal seja completamente limpo para remover cistos da pele e do pêlo. O ambiente do animal deve ser descontaminado antes dele voltar. Solução de amônia quaternária agindo por 30 a 40 minutos pode ser utilizada na desinfecção local.
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